Lobo Antunes - Prémio Camões 2007


(...) Amo-te tanto que te não sei amar , amo tanto o teu corpo e o que em ti não é o teu corpo que não compreendo porque nos perdemos se a cada passo te encontro, se sempre ao beijar-te beijei mais do que a carne de que és feita, se o nosso casamento definhou de mocidade como outros de velhice, se depois de ti a minha solidão incha do teu cheiro, do entusiasmo dos teus projectos e do redondo das tuas nádegas, se sufoco da ternura de que não consigo falar, aqui neste momento, amor, me despeço e te chamo sabendo que não virás e desejando que venhas do mesmo modo que, como diz Molero, um cego espera os olhos que encomendou pelo correio.


António Lobo Antunes - Excerto de "Memória de elefante" [Excerto já publicado neste blog em Outubro de 2006]

A obra:
* Memória de Elefante (1979)
* Os Cus de Judas (1979)
* A Explicação dos Pássaros (1981)
* Conhecimento do Inferno (1981)
* Fado Alexandrino (1983)
* Auto dos Danados (1985)
* As Naus (1988)
* Tratado das Paixões da Alma (1990)
* A Ordem Natural das Coisas (1992)
* A Morte de Carlos Gardel (1994)
* Crónicas (1995)
* Manual dos Inquisidores (1996)
* O Esplendor de Portugal (1997)
* Livro de Crónicas (1998)
* Olhares 1951-1998 (1999) (co autoria de Eduardo Gageiro)
* Exortação aos Crocodilos (1999)
* Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura (2000)
* Que farei quando tudo arde? (2001)
* Segundo Livro de Crónicas (2002)
* Letrinhas das Cantigas (edição limitada, 2002)
* Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo (2003)
* Eu Hei-de Amar uma Pedra (2004)
* História do Hidroavião (conto, reedição 2005)
* D'este viver aqui neste papel descripto: cartas de guerra ("Cartas da Guerra", 2005)
* Terceiro Livro de Crónicas (2006)
* Ontem Não te vi em Babilónia (2006)

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